O aumento das apreensões de skunk, também conhecido como "supermaconha", em embarcações navegando pelos Estados do Amazonas e Pará tem chamado a atenção das autoridades, conforme reportado pelo Estadão. Além da cocaína, essa droga tem sido frequentemente importada de países vizinhos, como Peru e Colômbia, por facções criminosas atuantes na região.
O avanço do narcotráfico transformou rios importantes, como Madeira, Amazonas e Solimões, em palcos de intensa disputa entre organizações criminosas como o Comando Vermelho (CV), que detém considerável influência na área, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção do país.
Essas drogas têm como destino tanto o mercado interno - onde o Brasil é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo - quanto continentes como África, Europa e até Ásia. Para facilitar o envio ao exterior, o Porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA), desempenha um papel crucial.
Em resposta a esse cenário, Estados como Amazonas e Pará têm investido em bases fluviais para interceptar os carregamentos e combater a atuação dos grupos criminosos. Essa iniciativa não só visa combater as facções focadas no narcotráfico, mas também inibir a ação dos "piratas dos rios", criminosos especializados em roubos de cargas como combustíveis.
Segundo o secretário de Segurança Pública do Estado do Pará, Ualame Machado, tem se tornado comum encontrar skunk junto com apreensões de cocaína, indicando uma mudança no perfil do tráfico na região. Ele destaca que, embora a Colômbia tenha sido historicamente a maior produtora de cocaína, hoje países como Peru e Bolívia também têm uma participação significativa no mercado, produzindo não só cocaína, mas também skunk.
Essa mudança no mercado tem sido refletida em um aumento substancial das apreensões de drogas nos rios da região. Entre 2019 e 2021, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará registrou a apreensão de meia tonelada de entorpecentes na malha fluvial do estado. Esse número disparou para mais de 7 toneladas entre 2022 e abril de 2024, após a implementação da base fluvial no estreito de Breves, em Antônio Lemos.
Essas ações são essenciais para conter o avanço do tráfico de drogas na região, que tem sido marcado por uma dinâmica complexa. Enquanto o skunk é predominantemente destinado ao mercado nacional, a cocaína tem uma rota mais voltada para o tráfico internacional, especialmente para a Europa.
O enfrentamento a essas organizações criminosas é um desafio constante para as autoridades, que lidam com uma realidade de confrontos violentos e estratégias cada vez mais sofisticadas por parte desses grupos.