Os Kuntanawa, povo nativo habitante das margens do Rio Tejo, um dos afluentes cruciais do Juruá, na região situada no município de Marechal Thaumaturgo, expressam sua profunda preocupação com a iminente seca que assola o manancial. O líder Flávio Haru, junto a um grupo de companheiros, enfrentou as dificuldades do baixo nível de água ao navegar até as nascentes do Tejo, tendo que frequentemente empurrar ou arrastar a embarcação. "O Rio Tejo está numa condição crítica para esta época do ano. Podemos afirmar que está em vias de se extinguir", lamenta Flávio, ilustrando a severidade da situação por meio de fotografias capturadas durante a expedição.
Durante a jornada, testemunharam diversos delitos ambientais, incluindo caça ilegal e exploração madeireira. "Nos deparamos com caçadores retornando com suas presas e com o corte de árvores", relata Haru, destacando que essa realidade não se limita apenas ao Rio Tejo, mas também aflige outros cursos d'água da bacia do Juruá.
Antônio Macedo, indigenista aposentado da Funai, recentemente regressado de uma expedição ao Alto Rio Juruá e seus afluentes, alerta para a gravidade da situação de seca. "Todos os rios da alta bacia do Juruá estão extremamente secos, consequência direta dos efeitos das mudanças climáticas. É alarmante pois estamos no final do inverno Amazônico, quando ainda se espera alguma precipitação, e já enfrentamos esse quadro desolador. No auge do verão, em setembro, é incerto o que nos aguarda. Os rios, além de serem as vias de transporte, são a fonte de subsistência para os ribeirinhos. Sem água, não há vida", conclui Macedo, expressando sua profunda apreensão pela situação.