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Banco Central decide manter taxa de juros em 10,5% por unanimidade

Cenário internacional e cautela com a inflação influenciam decisão do Banco Central de manter a Selic; taxa permanece no nível mais baixo desde 2021

Redação Acrelândia News
Por: Redação Acrelândia News
31/07/2024 às 19h54
Banco Central decide manter taxa de juros em 10,5% por unanimidade

Nesta quarta-feira (31.jul.2024), o Banco Central decidiu manter a Selic em 10,50% ao ano, repetindo a decisão de não alterar a taxa pela segunda reunião consecutiva. A decisão foi unânime entre os diretores da autoridade monetária.

O Comitê de Política Monetária (Copom) tomou uma decisão técnica novamente, influenciada pelas incertezas na política monetária externa e uma maior cautela em relação à inflação no Brasil. O comunicado completo pode ser acessado aqui (PDF – 60 kB).

A Selic, taxa básica de juros da economia brasileira, afeta diretamente as alíquotas de empréstimos, financiamentos e investimentos, além de impactar o rendimento das aplicações no mercado financeiro. Internamente, o cenário fiscal foi crucial para a decisão. O governo federal aumentou as projeções de déficit para o fim do ano, o que gerou a necessidade de contenções no Orçamento de 2024. No início de julho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou restrições nas contas públicas no valor de R$ 15,0 bilhões.

“O comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, destaca o comunicado.

Entenda as políticas:

- Monetária: controle da oferta de dinheiro e taxas de juros pelo Banco Central para regular a atividade econômica.
- Fiscal: decisões do governo sobre gastos e arrecadação com impostos para influenciar a economia.

No cenário externo, o Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) anunciou também nesta quarta-feira (31.jul) a manutenção dos juros norte-americanos no intervalo de 5,25% a 5,50%. Com isso, a taxa permanece no mesmo nível desde julho de 2023.

“O ambiente externo mantém-se adverso, em função da incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e sobre as dinâmicas de atividade e de inflação em diversos países”, diz o comunicado.

A decisão do Banco Central está alinhada com as previsões do mercado financeiro, que esperavam a manutenção da Selic em 10,50% ao ano. A taxa permanece no nível mais baixo desde dezembro de 2021, quando estava em 9,25%, e está em dois dígitos (acima de 10,0%) há 30 meses.

O Banco Central cortou a taxa em 7 reuniões: 6 reduções de 0,50 ponto percentual (p.p.) e uma de 0,25 p.p. O ciclo de redução foi interrompido em junho, quando a taxa foi mantida inalterada pela primeira vez em 2024.

**Críticas de Lula**

Após a reunião de junho do Copom, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez várias críticas ao Banco Central, muitas relacionadas à escolha do sucessor de Roberto Campos Neto para a presidência do órgão em 2025.

“A taxa de juros de 10,50% [ao ano] é irreal para uma inflação de 4%. Isso vai poder melhorar quando eu puder indicar o presidente [do Banco Central]”, afirmou Lula em entrevista à rádio O Tempo, de Minas Gerais, em 28 de junho.

As críticas geraram instabilidade no mercado, com alta do dólar e aumento do risco-país. A preocupação era que o presidente indicasse um nome mais flexível em relação à inflação para liderar o Banco Central em 2025.

Lula moderou o tom em relação a Campos Neto ao longo de julho, após reuniões com o ministro Haddad, o que levou a uma postura mais conciliatória sobre as questões econômicas. No entanto, políticos e autoridades próximas ao presidente continuaram a criticar a autoridade monetária. Exemplos incluem:

- Gleisi Hoffmann (PT-PR): “Não há evidência maior de que ele atua politicamente, a serviço de quem o colocou naquela posição”, afirmou a presidente nacional do PT sobre Campos Neto.
- Luiz Marinho: “Não há razão para não retomar de novo a redução dos juros. Então se espera que os colegas do Banco Central tenham um olhar do que está acontecendo na economia”, declarou o ministro do Trabalho em 30 de julho.
- Zeca Dirceu (PT-PR): “O BC age desalinhado à agenda desenvolvimentista do governo, na contramão dos interesses nacionais, prejudicando a sociedade como um todo, em benefício de especuladores e rentistas”, disse o deputado federal em um artigo de opinião publicado no Poder360.

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