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Seis pessoas contraem HIV após transplante de órgãos no RJ

Investigação revela falhas em testes de HIV em laboratório, resultando em infecções pós-transplante no Rio de Janeiro

Redação Acrelândia News
Por: Redação Acrelândia News
11/10/2024 às 19h37
Seis pessoas contraem HIV após transplante de órgãos no RJ

Pelo menos seis pessoas que estavam na fila de transplantes no Rio de Janeiro foram infectadas com HIV após receberem órgãos de doadores portadores do vírus. Os casos foram identificados entre 13 de setembro e 2 de outubro, após denúncias sobre o laboratório responsável pelos testes. Um dos pacientes faleceu dois dias após a cirurgia.

Conforme noticiado pela rádio BandNews FM, na manhã de sexta-feira, 11, os pacientes receberam órgãos de dois doadores falecidos, que doaram rins, fígados, córneas e outras partes do corpo. Todos os órgãos foram testados em um laboratório particular em Nova Iguaçu, o PCS Lab, e apresentaram falso negativo para o vírus. Este caso é inédito em seis décadas de transplantes de órgãos no Brasil.

As primeiras suspeitas surgiram no dia 10 de setembro, quando um paciente que recebeu um coração transplantado de um dos doadores sentiu mal-estar e foi ao hospital. Na unidade, ele recebeu um laudo indicando que era soropositivo, apesar de ter testado negativo para o HIV antes do transplante.

Um segundo teste foi realizado no Hemocentro do Rio, mas não no paciente; em vez disso, uma amostra do coração que havia sido preservada no hospital foi analisada, um procedimento padrão nos transplantes. O resultado indicou que o sistema cardiovascular do doador estava contaminado pelo vírus da aids.

Um terceiro teste, feito na Fiocruz, confirmou o diagnóstico de HIV do paciente transplantado.

Quatro pessoas receberam órgãos desse doador, incluindo a vítima que faleceu. A causa da morte ainda não foi confirmada como sendo a infecção. Três dos transplantados com partes contaminadas já foram diagnosticados com HIV.

Um segundo caso foi reportado no dia 2 de outubro, quando uma paciente apresentou mal-estar após receber órgãos testados pelo PCS Lab. A suspeita inicial era de que ela tivesse recebido órgãos do mesmo doador infectado; no entanto, foi confirmado que se tratava de um novo doador, também com falso negativo para HIV.

Laboratório foi suspenso após investigação 

Em decorrência das denúncias, a Secretaria da Saúde do Estado do Rio de Janeiro iniciou uma investigação, contatando outros pacientes transplantados. Outros 286 doadores do laboratório estão sendo reavaliados, com a possibilidade de até 600 infecções decorrentes de procedimentos cirúrgicos.

O PCS Lab foi alvo de uma investigação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), onde foram identificadas diversas irregularidades, como a falta de kits para transplantes. Uma sindicância foi instaurada pela Secretaria da Saúde do Rio para apurar as falhas do laboratório e os prejuízos aos pacientes, com conclusão prevista para 7 de novembro.

Atuando no Rio de Janeiro desde 2021, o PCS tinha contratos com a Prefeitura de Nova Iguaçu desde dezembro do ano passado e teve suas atividades suspensas temporariamente. A licitação para os serviços de transplantes, no valor de R$ 11 milhões, também será analisada.

Em entrevista à BandNews FM, a secretária estadual da Saúde do Rio, Cláudia Maria Braga de Mello, afirmou que os transplantes continuam a ser realizados em todo o estado, com exames realizados pelo Hemocentro do Rio. 

“A gente não interrompeu [os transplantes] em momento algum. No mesmo dia da notificação, dia 13 de setembro, houve uma mudança para a realização [dos exames] no Hemorio. Nunca parou porque a gente tem certeza de que o nosso sistema de transplantes no Brasil é um sistema íntegro e de confiança”, declarou a secretária.

MPRJ abre inquérito civil para investigar irregularidades  

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) informou, em nota, que "instaurou um inquérito civil para investigar as irregularidades noticiadas no programa de transplantes do Estado do Rio de Janeiro, após tomar conhecimento de eventos adversos". O procedimento está sendo conduzido pela 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Capital.

O órgão ressaltou que o procedimento está sob sigilo devido ao envolvimento de dados sensíveis dos pacientes. "Assim que houver medidas a serem adotadas pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), as informações pertinentes serão repassadas à Secretaria de Saúde e à sociedade".

O MPRJ também afirmou que está disponível para ouvir as famílias afetadas, receber denúncias de quem se sentir lesado e prestar atendimento individualizado às partes envolvidas.

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